Talvez o que tenha chamado sua atenção foi o título determinista dizendo que seu emprego ou função já era ou em outras palavras que vai acabar.
Será que isso é possível, que tantos empregos que hoje em dia estão disponíveis, daqui há alguns anos deixarão de existir e nem lembraremos como éramos dependentes deles? Você já parou para pensar se seu emprego acabar o que você fará?
Analisando tantas funções ou empregos que já existiram a história nos apresenta essa tendência. Podemos perceber isso, em nossos meios de transporte, que até "pouco" tempo eram realizados por cavalos e em alguns casos as belíssimas carruagens tão comuns em filmes de época do séc. 19 e 20 – o século 20 terminou faz poucos anos, perceberemos que avançamos muito – esses meios de transportes que eram conduzidos por cavaleiros foram substituídos por meios mais modernos (carros, trens e até aviões) naquela época, os cavalos eram unanimidade no transporte de passageiros ou cargas.
Isso tudo aconteceu na época de nossos bisavós ou avós. Como as coisas se atualizam e os dias passam rápidos, mal lembramos de como as coisas eram antes, apenas percebemos como as coisas estão. Por exemplo, você se recorda da internet discada, que as pessoas esperavam até a meia noite para acessar, pois era mais barato? E que no acesso tinha uma barulheira pela rede para navegação na internet e poucos sites como os bate papo UOL e o ICQ? - sei disso por pesquisar no Google, pois sou bem mais novo rs.
Para fazermos contatos telefônicos, usávamos os telefones públicos (vulgo orelhão) e usávamos fichas telefônicas que eram compradas em estabelecimentos comerciais, pois o uso de aparelhos celulares era restrito pelo alto valor para adquirir - isso tudo aconteceu na década de 90 no Brasil – 30 anos atrás.
Existiam cursos de datilografia em máquinas de escrever, que eram a sensação dessa época e as pessoas disputavam quantos caracteres datilografavam por minuto.
Todas essas transformações ocorreram há poucos anos e nem percebemos quantas funções deixaram de existir - cavaleiro, a telefonista, o digitador de mensagens – são alguns dos exemplos de empregos que desapareceram.
Com o avanço da tecnologia muita coisa mudou, como nos adaptamos, dificilmente avaliamos as coisas que se tornaram obsoletas e até nós podemos nos tornar.
Passei por um episódio recentemente tentando ajudar uma amiga de um antigo emprego, ela me procurou questionando se eu conseguiria orientá-la para se recolocar no mercado de trabalho, pedi para que me enviasse o currículo que eu iria divulgar junto minha rede de contatos – para minha grata surpresa, ela possuía pouquíssimos cursos extracurriculares – o que nos dias atuais facilita a recolocação possuir cursos, palestras, viagens e informações que complemente seu histórico profissional.
Esse tipo de situação é mais comum do que se parece, pois muitas vezes a pessoa que está empregada, se limita e acomoda-se com sua função sem buscar novos conhecimentos para enriquecer sua bagagem e quando por algum motivo ela sai ou é demitida, é pega de surpresa, por apenas ser especialista em uma função que pode estar com os dias contados.
Por causa desse evento, fui buscar estudos atualizados sobre o que está acontecendo com a indústria na atualidade e o avanço acaba sendo nítido, estamos na Quarta Revolução Industrial ou indústria 4.0 – que é uma expressão que engloba algumas tecnologias para automação e troca de dados e utiliza conceitos de Sistemas ciber-físicos, Internet das Coisas e Computação em Nuvem – ela possui um impacto mais profundo e exponencial, se caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico com a inteligência artificial AI, impressões 3D´s, Biologia sintética e outras frentes que impactam a produtividade com a redução de custos e o maior controle sobre o processo produtivo.
A velocidade dessas mudanças acontece de maneira tão rápida que para termos noção uma pizzaria nos EUA chamada Zume, utiliza quatro robôs para preparar as pizzas de modo pré-assado: esses robôs possuem funções específicas - um coloca o molho de tomate na massa, o outro espalha, um terceiro robô coloca a pizza no forno para que seja pré-assada e o último retira. Isto já é um grande avanço, mas ainda existem diferenças no modo de preparo final, as pizzas são colocadas em um caminhão com tecnologia e fornos que terminam de assar a pizza próximo a residência do cliente - A pizza chega quentinha em casa e em velocidade recorde - o tempo médio de entrega é de 22 minutos.
Para Larry Summer, ex-presidente da Universidade De Harvard, a grande diferença entre a automatização de agora e a promovida na década de 1960 e 70, é que naquela época a intensa modernização da maioria dos setores afetou 5% dos empregos. Desta vez, segundo cálculos de Summer, as novas tecnologias sacrificarão entre 15% e 20% dos postos de trabalho.
Sobre a automatização, segundo um estudo do McKinsey Global Institute, mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo ficarão desempregadas até 2030. Essas pessoas poderão até encontrar novos empregos, mas 375 milhões de pessoas – ou seja 14% da força de trabalho do mundo – deverão encontrar novas profissões que talvez hoje em dia nem existam para voltarem ao mercado de trabalho.
Isso acontecerá porque algumas profissões desaparecerão ou precisarão de muito menos pessoas do que as atuais, as atividades repetitivas já estão sendo realizadas por robôs, assim como na Zume.
Um outro fator que chama a atenção, é a de profissões que milhares de pessoas estão aprendendo nas universidades e que vão deixar de existir daqui a poucos anos. O contraponto desse cenário, é que muitos empregos e funções serão criados nos próximos anos.
Quem apostaria há 10 anos atrás que existiriam as profissões de: Pró player – jogadores profissionais de vídeo game ou computador; Youtubers – que são pessoas influenciadoras no mundo digital que recebem pelas campanhas ou ações que promovem em seus canais; Dog Walker – são passeadores de cachorros, que possuem uma rotina semanal de passeios; Gestor de mídias sociais – essa função está em alta, pois cada dia mais as empresas e pessoas precisam saber como se relacionar e se vender no mercado digital.
Todas essas mudanças acontecem de forma rápida e sem retorno, então, você acredita que sua função pode acabar nos próximos anos? Se sim, o que você está fazendo para se atualizar e estar um passo à frente do mercado.
Porque, o amanhã é hoje e você pode receber a informação qualquer hora dessas, que "seu emprego já era!".
Por Luís Caversan, educador, palestrante cooperativista e diretor vice-presidente da Cooperativa Coletiva