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O mercado e o cooperativismo

Publicado em 08/08/2023

Em determinada matéria, a Revista Exame trouxe o estudo sobre o mercado da maioria. Além de retratar o cenário de preconceito, o estudo mostrava o quanto podem ser lucrativas empresas diversas. Imediatamente pensei no fato de que as mulheres são minoria nos quadros corporativos de alta gestão de nosso país, mas que tivemos a presença de uma mulher em 1844: uma proba pioneira em Rochdale, que somou força e fé ao cooperativismo. Em 2022, as mulheres representaram 40% dos cooperados no Brasil.

Há passos a seguir, mas muitos já foram dados. Há poucos dias estive em uma cooperativa de crédito com uma presidente no conselho de administração e 2/3 da diretoria feminina.

Somos 3 milhões de cooperativas no mundo! E de acordo com os dados do Anuário do Cooperativismo de 2022, se todas as cooperativas fossem um só país, seríamos a oitava maior economia do mundo. Para entendermos a grandeza dessa informação é preciso lembrar que para ranquear os países, o Fundo Monetário Internacional (FMI) passa pela conta do Produto Interno Bruto (PIB). O nosso país nem sempre figura entre os primeiros lugares, mas é importante lembrar que o crescimento do agronegócio foi um dos destaques para que o Brasil voltasse ao ranking. E aqui está mais uma contribuição do cooperativismo e sua força, agora no agro.

Nosso movimento é simbolizado pelos dois pinheiros verdes, que representam a força e significado dos princípios e valores cooperativos. Vivenciamos o equilíbrio do desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. Além dos resultados financeiros, muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão vinculados, em essência, aos nossos princípios.

Como se não bastassem os nossos princípios, valores e ações, de fato podemos inclusificar, o que implica em ajudar equipes diversas a se sentirem verdadeiramente engajadas e valorizadas. Nesse sentido, Enio Meinen, Diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, contribui: “o vanguardismo da proposta cooperativista, ancorada no compartilhamento da propriedade, do capital, da gestão e do resultado; menos extrativista; mais colaborativa e inclusiva; equânime e verdadeiramente sustentável, habilita as cooperativas como instituições a fazerem cada vez mais a diferença na vida financeira dos indivíduos e de suas empresas, cuja escolha impacta, ainda, um conjunto de outras variáveis socioeconômicas relevantes nos respectivos territórios”.

Com tantos aspectos positivos, por que o cooperativismo ainda não é plenamente conhecido e admirado? Essa resposta pode estar diretamente ligada à relação com o dinheiro, não só das grandes corporações, mas do indivíduo – quase um interesse genuíno de sobrevivência e obrigação de enriquecer aos moldes convencionais. Mas por que uns precisam perder para outros ganharem?

Não precisa ser assim. Como brilhantemente escreveu, César Gioda Bochi, Diretor Presidente do Banco Cooperativo Sicredi e Confederação Sicredi, "para que as empresas tenham sucesso, as comunidades onde elas atuam também precisam prosperar. Sua empresa pode gerar um impacto positivo e ajudar as comunidades a se desenvolverem concentrando-se nas necessidades delas. Ser amigo das comunidades em que você trabalha não é filantropia. É o correto, e ajuda a empresa."

Chegamos a um ponto crucial: o que falta para que o cooperativismo seja disseminado da forma exponencial que poderia? Faltam cooperativistas que o propague. E não precisa ser tarefa dificil, daquelas que dá preguiça só de pensar em planejar. São reflexões que nos indicarão pequenas atitudes que fazem a diferença. O que cada um pode realizar para se tornar ainda mais cooperativista? O que é possível evoluir nos negócios com a sua cooperativa? Como promover o conhecimento e relacionamento das pessoas do seu convívio com a cooperativa?

Perceba, a ação pode ser pequena e o resultado será grande. Como já disse o Papa Francisco “as cooperativas desafiam tudo; inclusive desafiam a matemática, pois, em uma cooperativa, um mais um dá três e, em uma cooperativa, um fracasso é meio fracasso.” 

Por Juliana Fendel, educadora da Cooperativa Coletiva